quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Brinquedo de carne e osso

Sinto meu corpo enrijecer quando chega perto
Percebo no seu olhar a satisfação
Se aproxima descaradamente
Curioso sobre minha reação
Permaneço estática
Você sorri e sente meu perfume
Finge prestar atenção no que eu digo
Me pego distraída e você tirando um retrato
Fica clara em meu rosto a timidez
Mas você não liga
Diz que gosta de fotos inusitadas

Certo dia te deixei um recado
Não se deu nem o trabalho de responder
Passei dias imaginando a razão do desprezo
Ainda não descobri
Porém pessoa com tal magia, tanto poder
E esses olhos...
Olhos que me arrastam
Você deve ter muito mais o que fazer
Pessoas mais interessantes às quais responder
Comigo, ah comigo você gosta é de brincar
E eu deixo... enquanto for tudo que eu puder ter

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Desabafo

A queda se aproxima
Depressão me toma, sedenta
Ela chegou silenciosa e não quer ir embora
Me sinto oca
Como um presente no seu aniversário
Depois de aberto
Você me descobre vazia
Sem recheio
Os vícios agora querem tomar conta do meu corpo
Já não sei mais meus limites
Não sei mais quem sou
Pra que estou aqui
Não me recordo de nada bom que tenha feito
Nem pra mim, nem pra ninguém
Na realidade, quase não tenho lembranças boas
Apenas mentira, falsidade, abandono
Ah, o abandono...
Tanta gente que por aqui passou e pra lá se foi
Sem explicação, sem adeus e eu te amo
O pior é que eu ainda me pego sendo exigente com quem ficou
Devo mesmo é estar enlouquecendo
Não importa
Só deite ao meu lado e diga que tudo vai ficar bem
Não precisa apagar as luzes
A vida já está escura o suficiente

História de um cego

Eu vejo você
Eu sofro com você
Preso em um mundo sem volta
Impossibilitado de enxergar o que está na sua frente
Arrependido do que nunca lhe foi permitido
Se culpando daquilo que não tem fundamento
Se privando mais uma vez
Pra se auto flagelar um pouco mais depois
Deixou-o tecer uma cortina de ilusão sobre seus olhos
E depois te ensinou a tecer
A cortina só cresce
Já não escuta também
Minha vontade é rasgar tudo
Mas você mantém uma distância segura
Abraça o seu retrato
E envolve-se em seu casulo de mágoa e depressão

domingo, 4 de outubro de 2009

E eu te nomeei meu paraíso

Coloquei minha melhor roupa
Gastei horas fazendo a melhor maquiagem
Usei a melhor das fragrâncias
Ele não reparou
Não elogiou
Nem ao menos olhou
Mas sim, me beijou
Estragou minha roupa
Borrou meu batom
Despenteou meus cabelos
Deixou meu corpo cheirando ao seu
Exalando a suor
Implorando por mais
E eu não me importei
Desde que eu o tivesse
Desde que ele me quisesse

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Meu xuxu

Continuo, desprezando meu desprezo
Alimentando minha repugnância
Você me ensinou tudo que sei
Me fez do jeito que sou
Criou um monstro mal-amado
Quando eu ainda era poço de inocência
Te dei tudo que eu tinha
Vi luz onde só havia escuridão
Fui sua amiga quando mais precisou
Enquanto você se dizia meu amante
Mas só aparecia em tempos inesperados
Poluindo tudo com o seu veneno
Apesar de tudo que me fez
Consigo sorrir da sua felicidade
Uma alegria ridiculamente hipócrita
Da qual ríamos
Mas você merece
Um porco desalmado
Incapaz de fazer amizades verdadeiras
Por imaginar que todos possuem sua mente imunda