terça-feira, 30 de junho de 2009

Encaixe

Um copo vazio
Imóvel
Sem sentimentos
Sem nada pra preencher
Sem nada pra derramar
Sem nada pra brindar
Sem nada pra matar
E com uma boca enorme
Só capaz de magoar
Qual a serventia de um copo vazio?

Mas eis que surge
Um líquido misterioso
Em dúvida em relação ao seu sabor
Doce ou salgado
Azedo ou amargo
Seu volume completa o copo
Nada falta
Nada sobra
Ele ali se mantém
Não cabe mais ninguém
O egoísmo é mútuo
A intensidade é surpreendente

Bola fora

Estou cansada dessa conversa
Pensa que manda nos meus pensamentos
Você me liga, eu ignoro
Só de ouvir sua voz me irrito
Pensei que um tempo longe te faria mudar
Mas é sempre a mesma história
Você não cansa?
Mal me conhece
Me persegue
Seu jogo é sem ação
E você está ficando sem opção
Parte pra outra
Eu nunca tive na sua mesmo
Quando é que você vai perceber?
Já até listei o que não temos em comum
A lista foi longa e você não se tocou
Idéia louca pensar que poderia existir um “nós”
Tinha tudo pra ser perfeito
Mas com todo esse exagero não tem jeito!
Não sou do tipo que enrola
E você já passou da hora...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Luxúria

Essa boca que te beija
Queria estar beijando outra
Sentindo o gosto de outra saliva
Porque esta já não a agrada
Esta já não a inspira
A deixá-lo levar seu corpo
E só trazê-lo de volta quando acabar a loucura
Essa boca tem sede de sangue
E mesmo que doa
Se fosse ele, gostaria
E também a morderia
Só pra misturar
Seu gosto no dele
O dele no seu
E assim pra sempre ficaria
Pacto carnal
Desejo incessante
Busco cegamente
Mas só encontro o seu cheiro impregnante

Razão de minha estupidez

Quanta gente traiçoeira existe nesse mundo
Sempre à espreita
Procurando um deslize
Não vou te dar essa oportunidade de novo
Espero que você e esse seu dedo podre fiquem bem longe de mim
Porque tudo que você encosta, estraga
Quanto a ela
Você está alimentando a hipocrisia dela aos poucos
E quando ela não tiver mais amor-próprio
Ficará sozinha
Como você sempre fez
Magoa sem motivo
Fere por prazer
Vai acabar velho, feio e sozinho
Exatamente como sempre temeu.

A espera do não-romântico

Lembrei do primeiro dia
Festinha de escola
Você fazendo graça com todo mundo
Meio alegre
Sim, eu percebi
Eu tinha ido conhecer outro
É, acho que você não sabia
Minha noite se iluminou quando você me arrancou aquele sorriso
Eu sabia quem você era
Todo mundo sabia
Pra você eu era um mistério
Em partes, ainda sou
Sinto saudades
Muita coisa mudou
Quando chego perto de você
Te sinto tremer
Não tenha medo, tento dizer
Mas você já foi...
Pra longe de mim mais uma vez

Não tenho medo do tempo
Aliás, sou bem paciente
Deixo você viver no seu mundinho
Até perceber que na verdade está sozinho
E viver um amor não é abrir mão de nada
Só receber o carinho que tenho pra te oferecer
Sei que não é muito
Mas é do jeito que você gosta, eu sei
Só pensa bem antes de voltar

Porque o que eu quero
Precisa ser inteiro
Nada ao meio
Que você venha a me oferecer
Por isso, espero...